sábado, 13 de outubro de 2007

Surreal

Enquanto espero pelo pequeno-almoço no quarto, mordomias de hotel, vou recapitulando, com alguma dificuldade, foram poucas as horas dormidas, os episódios da noite anterior, nenhuma tragédia, mas uma sucessão de imprevistos [não me trouxeram croissants e o leite vem quente...] infelizes, recordo especialmente um, de olhar para o telemóvel e ver duas chamadas perdidas, recentes, da minha vizinha, a tantos milhares de quilómetros de distância, pensei, de imediato, que me tinham assaltado a casa, ou qualquer outra porcaria, toca de ligar, e eis senão quando, depois dos cumprimentos, rápidos, e de assegurar que a minha casa não tinha pegado fogo, ela me explica, na sua voz habitualmente calma, que me ligava, apesar de saber que estava a milhares de quilómetros, porque sabia, dizia a vizinha, que a felicidade da minha família, sobretudo, da minha filha, estava nas minhas mãos, e que gostava muito de nos ter aos 3 juntos como vizinhos. Nem queria acreditar, por um instante pensei que era efeito de um copo de vinho branco que tinha bebido ao jantar, respirei fundo, dei-me conta do ridículo, ia num táxi com mais três pessoas, entre um ruidoso Fratelli e o Hilton Hotel, então, na minha voz mais doce agradeci-lhe a atenção, várias vezes, de que serviria qualquer outra coisa, o que fazer quando, de repente, toda a gente se acha no direito de dar palpites sobre a vida alheia...

Sem comentários: