sábado, 3 de novembro de 2007

Gosto VIII

Como gosto de me sentir frágil, parece que por dentro, a qualquer momento, alguma coisa estilhaça, eu, que tenho a mania que sou a super-mulher, que consigo dar conta de tudo e continuar em frente com toda a força, de facto, tem sido assim, mas há dias, vai-se lá saber porquê, em que me sinto à beira de partir em mil pedaços, há dias, em que tenho medo que isso aconteça e que nem a super-cola-tudo me consiga reconstruir, o que me vale é que é um medo que passa, sacudo-o mal o vejo a assomar-se, não me chega a amedrontar, mas deixa-me vulnerável, capaz, se assim o pudesse, de me enroscar e dormir para só acordar quando deixasse de ouvir o estalar das minhas entranhas, e despertar num colo grande e macio que me sossegasse e me garantisse que vai tudo passar, e eu, eu ia acreditar, costumo acreditar, agora, digo-me e acredito, sei que vai passar.

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