quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Amar

Control deixou-me a pensar em tanta coisa, à medida que se esgotavam Atmosphere e depois Shadowplay, pensava em tanta coisa, mas ao de cima, vinha sempre o desprezo que senti pela mulher do Ian Curtis, por muitas voltas que desse, por mais que me esforçasse, não consegui sentir pena dela, nem um bocadinho, hoje, um amigo definiu-a na perfeição, uma espécie de organismo unicelular, não encontro melhor, chocou-me a sua falta de expessura e, sobretudo, a sua forma de amar, sei que exagero, mas apetece-me pensar que Ian Curtis ainda poderia estar vivo se não fosse o amor da sua mulher, uma mulher que, mesmo depois de ouvir qualquer coisa como acho que já não te amo, depois de perceber que ele nunca conseguiria deixar a Anikka, não se foi embora, não o deixou em paz, antes pelo contrário, lhe telefonava a toda a hora para dizer, mesmo sem dizer, que o amava acima de tudo, que o seu amor, por ser tão grande, não merecia tamanha desfeita, que estranha forma de amar, que violento amor é este, que ordena reciprocidade, que cruel amor é este que se conforma com a infelicidade de quem se ama, que se contenta com a gratidão e se alimenta do passado, do passado de alguém com 23 anos, é duro ser traído, é duro ser trocado, é duro não ser amado por quem se ama, mas será possível continua a viver assim, será que não se consegue ver, que não se quer saber, estranha forma de amar a que vi, será ingénuo pensar que amar é querer a felicidade de quem se ama, mesmo que à custa da sua própria felicidade, é que se assim não for, preparo-me, alerta vermelho no meu coração, para me tornar ainda mais insuportável, assim nunca mais ninguém ousará amar-me

1 comentário:

Cátia Simões disse...

Aos 23 anos tudo é o fim do mundo e não se vive sem AQUELE amor. Amor egoísta. Amor cansado. Amor vazio. Amor recordação de dias que não voltam. Amor ilusão de que tudo melhora se nos esforçarmos um bocadinho.