sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
Com tempo
Sete anos menos dois dias de tantas brancas, voltei a sentar-me, quem sabe no mesmo cadeirão, cheia daquela noite, de ti, dos teus braços bailarinos, das canções que não cansam, de tanta memória que não vou tendo, e bastaram-me os primeiros acordes do vamos esta noite para me dar conta que o tempo te mudou, nos mudou, que agora mostras os ombros e usas saltos altos, deixaste crescer o cabelo e usas franja, fica-te bem!, que os braços já não querem acompanhar a tua cintura impaciente, de pernas em jeito yoga, como se estivesse em casa, enchi-me do som, das luzes, da tua voz, que não muda, da energia inesgotável, da imaginação em forma de luvas de brilhos, chapéu-de-chuva iluminado, confetis e de aviões de papel adeus amor, tirados de um barco, o verde voou para mim, tu sabias que também eu tenho mais mundo para beber, o tempo muda-nos, ainda bem, estás melhor, brincas com as tuas canções, a tua voz manda e os instrumentos obedecem, o palco parecia pequeno para ti, algures entre o tira teimas e a fábrica de amores, senti-me ao pé de ti, o meu coração queria bater ao ritmo do teu, não sei se não chegaram a ser apenas um, tal como tu, também eu não queria estar noutro lugar, também a mim me faltou o ar, também me apeteceu agachar de tanta emoção, depois de te teres calado para te ouvires, o tempo muda-nos, estás mais generosa, mais segura, desejosa de cintura, notei, mas cada vez mais rendida aos sopros do coração, certa dos problemas de expressão, uma aliança de tempos, e foi assim que me foste levando, era tua a minha vontade, em pleno narciso, segui o teu corpete negro contra a luz de uma chapa gigante, de uma ponta à outra, não te perdi, do meu cadeirão não conseguia, mas se te tivesse perdido, ter-me-ias apanhado com a sensualidade de um capote carmim, pois é, tanto tempo depois, mudámos, mandaste em mim e eu deixei porque levo o paraíso em mim
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