segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Alívio

Que alívio, o dia chegou ao fim e consegui segurar as palavras, estiveram quase, quase para sair, ainda abri a boca e sussurrei o teu nome, mas depois acabei por fazer de conta que não vi os pontos de interrogação, três ou quatro, que ensaiaste por cima da tua cabeça, já te conheço, fiz tão bem, não foi o que me apetecia, mas o que devia, ainda bem, elas vão ter que sair, são tuas, mas não pode ser já, mais tarde, nem sei quando, nem como, das duas uma, ou saem disparadas e esbarram contra a primeira parede que encontrarem e caem esticadas no chão, ou atiram-se a ti, sem piedade, e nunca se sabe o que podem fazer estas palavras, são pesadas, densas, tão descaradas, depois desta prova, vão continuar guardadas, o mais certo é nem terem que ser ditas, pelo que vejo, já foram lidas, e os teus olhos não param de falar, acho que são eles que pedem as minhas palavras, quando fixam o coração brilhante que tenho ao peito, lembras-te, não é, também eu, não sei como vai ser, mas para já, nada de palavras, o resto que vá falando, desde que não haja gritos, tudo se vai compor, até tu vais conseguir voltar a escrever, ainda não és capaz, e eu sei que isso te deixa triste, que passas os dias e as noites a dormir à espera de sossego, que te custa ler, ouvir música, que pedes ao tempo que passe e não te deixe pensar, olha, espera, tem paciência, vai tudo passar

3 comentários:

S. disse...

E quando passa a ser demais o tempo que leva a passar?...

Eu disse...

a vida encarrega-se sempre de resolver, é esperar sem perguntar quando

S. disse...

...avec le temps
tout s'en va...
:-)