domingo, 20 de janeiro de 2008

Amizade

Abraços, nomes terminados em 'inho' e 'inha', beijos, mimos, colo, massagens, cafunés ou trancinhas, confidências, lágrimas, doces ou amargas, pele, cheiro, atracção, sejam homens ou mulheres, no caso da M., dizemos que gostamos uma da outra, tantas vezes, na passagem-de-ano, brindámos ao facto de uma existir na vida da outra, a D. chora quando me vê triste, com a R. é um agarra-ao-pescoço, o T. beija-me a cabeça quando me vê de rastos ao fim de um dia de trabalho e o Z. já me embalou, eu e os meus amigos não passamos os dias assim, num permanente éden, mas é assim sempre que tem que ser, não percebo a amizade de outra maneira, já conheci pessoas tão interessantes, com quem simpatizei, gostava de conversar com elas, de as ouvir, já me cruzei com gente bem disposta, de quem levei belas gargalhadas, mas, depois, não passava disso, sentia sempre um vidro transparente a separar-nos, que não deixava tocar-nos, não ficámos amigos, não tinha que ser, contava eu isto tudo a um amigo meu quando percebi que a imagem de duas mulheres, ainda que amigas, em abraços coladinhos e colinhos lhe sugeria algo próximo do erótico, percebi, alguns inquéritos feitos, que entre os homens, pelo menos entre alguns, não se passa nada disto, há o aperto-de-mão da praxe, quanto muito o abraço, beijos só ao pai e ao avô, que as confidências são poucas e ficam sempre pela metade e mimos e colo qual quê, tudo mariquices, que estranha forma de viver, tão pouco sensitiva, que ao menos os cinco sentidos sejam bem aproveitados no sexo

1 comentário:

S. disse...

A amizade não é uma teia de emoções menos complicada que a do amor...