terça-feira, 8 de janeiro de 2008
For the kids II
Foi por um triz que hoje não contribuí para aumentar as estatísticas da violência contra os professores, nem de propósito, tinha acabado de ouvir na TSF o testemunho de uma Ana, nome fictício, a contar como lhe tinham arrancado madeixas de cabelo, olhei para uma miúda cheia de certezas e de miúdos de seis anos e, por uns instantes, pensei que não viria daí grande mal ao mundo, mas não fui capaz, tive dúvidas, olhei para a minha filha que, apesar de tudo, se entretinha a mordiscar umas bolachas de água e sal e se tinha contentado com um pedido de desculpas, vi tanta inocência, que não consegui, soltei as lágrimas, agarrei-a, ainda tentei protegê-la da merda das certezas, mas já não fui a tempo, hoje, a minha filha começou a perceber que as certezas são poucas e chegam tarde, hoje, a miúda provou, espero, do amargo das falsas certezas e percebeu, espero, que as verdadeiras são raras e valiosas, que não se desperdiçam, que se vive de dúvidas, começo a ficar enjoada de tantos miúdos e das suas cretinas certezas
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