Sentia-me esquisita, sentia um desassossego permanente, uma enorme insatisfação, mas achava que era passageiro e que tudo acabaria por desaparecer de repente. Já não era a primeira vez e, por isso, esperei, como sempre, pela calmaria que, como sempre, me levaria de volta, feliz e contente, à minha vida normal, mas boa. E esperei, com alguma, pouca, paciência. Mas estava a demorar e a impaciência juntou-se a tudo o resto. Logo a seguir, a maldita preocupação que me tirou o sono, as dúvidas que me roubaram o apetite e a angústia que insistia em me empurrar para uma decisão.
Aguentei, pela minha vida normal, mas boa. Boa, ou quase boa? Ou seria suficiente? Aí, chegou o medo e percebi que estava entre a espada e a parede, que não teria como fugir a uma decisão. Escolher entre a tranquilidade e a comodidade de uma vida em que só já via tudo a preto e branco, e o nada, onde não distinguia uma única cor, por mais suave que fosse.
Não foi de um dia para o outro. Testei os meus limites, quebrei regras, só para ver como me sentia depois. Tudo se encaminhava para o tira-teimas. O estômago apertado, a cabeça a mil e as pernas, é verdade, tremiam em cima de uns saltos consideráveis. A aflição misturava-se com a excitação de quem há muitos, mas mesmo muitos anos não experimentava sensações primárias e se tinha dedicado aos sentimentos elevados e distintos.
E agora? Voltei e insisti, por muitas coisas, por uma vida normal, mas boa. Mas o desassossego e a insatisfação não me largavam e a minha vida normal, mas boa, foi fugindo de mim, ou terei sido eu a fugir dela. Pouco importa. Num dia ..., percebi que me estava a ir embora. O pânico!
terça-feira, 31 de julho de 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário