quinta-feira, 20 de setembro de 2007
Penso
Estou aqui, aprendo o silêncio, aproveito-o todo, sabe-me a pouco, tinha acabado de apagar as luzes, fechar os estores, de colocar o último do Auster, feito à medida para o ler todo ainda hoje, em cima das colunas, e preparava-me para me deitar, em silêncio, a ler e ouvir, talvez Feist, Let it Die, ao mesmo tempo que vou pensando em tantas coisas que interessam a mim e não só, penso que ontem não consegui evitar mais lágrimas, que, daquela vez, não as consegui segurar, escorriam em fio, caíam sem parar depois de ter recebido uma mensagem tardia de desculpas e de promessa de amor verdadeiro e eterno, de como fiquei triste, triste, de que como precisei de te telefonar e não pude, de como me encolhi com as mãos juntas entre as pernas muito apertadas e de como o meu corpo não conseguia sossegar por culpa dos olhos, penso que pensei se deveria aceitar, não as desculpas, o amor, e de como tentei imaginar como seriam os dias e as noites, se seria capaz, lembro-me que as lágrimas ensopavam a almofada quando percebi que não seria capaz, que ia retribuir a promessa com o silêncio, a forma mais suave de fazer morrer a esperança de quem me ama, penso que hoje de manhã consegui conter as lágrimas, aqui em casa, quando, cedo, a mostrámos à a maior imobiliária do mundo, que nos vai separar de vez, e penso que é triste, mas que merda, não posso fazer outra coisa, também penso que acabei de escrever sobre a desilusão, guardei, tenho guardado muito, penso que vou pensar muito mais até acordar...
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