terça-feira, 6 de novembro de 2007
Dark Side of the Moon
Afinal a história repete-se e a mesma água passa duas vezes por debaixo da mesma ponte, como se enganam os que distribuem lugares-comuns para assustar os sonhos, frases feitas que apenas têm a utilidade de fazer a vida andar bem junto à terra, mas que não são capazes de enganar a lua, o seu lado escuro guarda, a milhares de quilómetros, as razões para o que muitos chamam coincidência ou casualidade, eu já não me deixo enganar, nem me deixo convencer com a teoria dos eclipses, eu já vi a vida repetir-se com requintes de prazer, duas vezes, muitos anos depois, voltei ao sofá da sala daquela casa naquela travessa do Bairro Alto, lembro-me do tempo parado à nossa volta a proteger-nos do mundo, das certezas absolutas e imediatas dos nossos olhos, que nunca hesitaram, tudo tão simples, perfeito, da chama das velas, ainda consigo ouvir a música e não consigo deixar de me rir quando me vejo a saltar-te para o colo, quando as minhas pernas te faziam de cinto, pedias-me tanto e brincavamos como dois miúdos, eu ganhava balanço, corria, e tu estendias os braços, os meus serviam só para segurar os beijos, não é saudade ou melancolia o que sinto, sorrio e penso que a história se repetiu tanto tempo depois, como se tivesses morrido e voltado a nascer de propósito só para mim, lembro-me agora de uma coincidência, talvez uma simples casualidade, nascemos juntos, que tontos devíamos ter parecido a quem nos viu quando descobrimos que tu eras mais velho que eu cinco minutos, talvez seja por isso que cada vez que me nasces eu só demoro cinco minutos a encontrar-te...
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