terça-feira, 6 de novembro de 2007

Jardim

Orquídeas, não podiam faltar as rosa-escuro, e jarros, os roxos e os laranja-escuro, claro, muitos, estudadamente espalhados, nenhum vaso tinha sido escolhido ao acaso, o cheiro inundava o cubo de vidro, o verde e o colorido das flores brilhavam contra a transparência daquelas paredes, que só serviam para deixar entrar todos os raios de sol, que só serviam para aquecer o coração e as tintas prontas para entrar pela tela adentro, sem planos, sem pressas, dividia-se entre o pincel e o lápis, sempre à mão para sublinhar o livro, entre o cavalete e a 'chaise longue', entre a paixão e o amor, entre o fogo e o ar, sempre em combustão, encontrava na água do chá a escaldar o aroma da bergamota, e na caxemira do casaco a suavidade do tempo, na música, sempre ao sabor do momento, sentia as notas a entrar-lhe pelos poros, a calma ouvia-se tão bem, sabia que estarias para chegar e que, como de costume, distraída, só iria dar por isso quando a apertasses por trás e lhe desses um beijo quente no pescoço, quando encostasses o teu nariz para cheirar o Délices que encontras em tudo, virou-se e satisfez o desejo solto de um abraço apertado, do corpo e dos lábios frios de final de tarde de Inverno

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