quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
Natal III
Festejar porque quero, quando quero, onde quiser e com quem quiser, será que é tão difícil entender que se assim não for, não há festa, há frete, será tão difícil perceber que ninguém é mais feliz por festejar só porque meio mundo decidiu que assim tem de ser, que as convenções me roubam o desejo, tinha um amigo que suportava um jantar mensal, nada contra, até podia ser semanal, a não ser o facto de o motivo ser sempre o mesmo, comemorar o início de um namoro que, entretanto, até acabou, enfim, ando cansada da histeria de sacos nas mãos, das caras alienadas por cartões de crédito, da confusão e do exagero, não consigo evitar maus pensamentos quando me cruzo com carros de supermercado atafulhados de embrulhos, é verdade que se tornou uma moda cortar no Natal, mas que se pode pedir a quem chora por dentro sempre que chega à hora da Consoada, pode pedir-se que se sinta feliz porque o avô Manel e a avó Margarida já se foram, que se esqueça da falta que sente do pai, que se pode pedir a quem nestas horas sente a falta de quem já não está, só se pode pedir que aguente, que amarre a vontade de dormir e vá entretendo a tristeza à custa do prazer da criança, é por ti filha que não me esqueço que o Natal existe, que compro presentes, à última da hora, é por ti minha filha que na noite de 24 não encontras o mais pequeno sinal de saudade, a mais pequena vontade de acabar com a meia-noite, é por ti meu amor, que vamos festejar, tu mereces
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