domingo, 9 de dezembro de 2007

Obra

Adorar as palavras, descobri-las, abrir o dicionário à mínima hesitação, não chegar lá apenas pelo sentido que uma faz entre as outras, assim sim, desconfiar sempre das palavras, tantos sentidos nunca facilitam uma direcção, a solução é dominá-las, domá-las para depois as soltar numa linha recta, entre margens e sem aspas, tentar uma vez, duas, outra e mais outra, nunca desistir, não tem preço conseguir fazer das palavras um aliado, conhecer todos os seus segredos e coleccioná-las, ser dono das palavras, que descanso, perder o medo, ficar a salvo dos exageros e despropósitos que denunciam, poder reler sem querer apagar, deixar de tremer ao pegar no lápis, não é com o abuso, com o mau uso das palavras que o papel branco encarquilha, o ideal é não ter que rasgar, arrancar ou saltar, mas antes continuar seguro do fim, voltar a contra-capa e sossegar com a história das palavras

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