segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

domingo, 30 de dezembro de 2007

Adeus 2007

Broken bicycles, old busted chains
With rusted handle bars, out in the rain
Somebody must have an orphanage for
All these things that nobody wants any more
September's reminding July
It's time to be saying goodbye
Summer is gone, but our love will remain
Like old broken bicycles out in the rain

Broken bicycles, don't tell my folks
There's all those playing cards pinned to the spokes
Laid down like skeletons out on the lawn
The wheels won't turn when the other has gone
The seasons can turn on a dime
Somehow I forget every time
For all the things that you've given me will always stay
Broken, but I'll never throw them away


Tom Waits

Venha 2008

Inevitável, em final de mais um ano, não consigo escapar aos balanços, defeito meu, nunca consigo situar no tempo o que me acontece, se foi no dia tal de tal mês, sei apenas que foi por ali, por isso, não posso seguir o critério do mês – bem me parecia, Aprendiz –, por isso, cá vai tudo misturado, à minha maneira, em 2007, aconteceu-me muita coisa, algumas boas, outras, muitas, que dispensava, diria que qualquer semelhança entre 1 de Janeiro de 2007 e hoje é pura coincidência, não tive sossego, foi um ano de crise, uma crise de crescimento, prefiro chamar-lhe assim, tentei fazer o melhor, cometi erros, mas não virei as costas à vida, termino o ano esgotada, entre o deve e o haver, o saldo é meu, como é meu o direito de não querer fazer planos, a não ser os mínimos que me permitam gerir um dia-a-dia caótico, não faço promessas de ano novo – no dia 1, não deixarei de fumar –, é que a vida ao minuto não me tem tratado mal, continuo, depois deste 2007, a acordar de manhã cheia de vontade dos dias

No Corta-Fitas

A vida ensinou-me a temer quem se embandeira ao mundo todo puro de coração.
João Távora

sábado, 29 de dezembro de 2007

Não vale fazer-me chorar!!!!!!!! Mesmo

Radical III

Ai, acho que me está a nascer um osso novo no pulso direito

Radical II

Foi bom voltar a cair, ao fim de tantos anos, já nem me lembrava como era, depois da primeira queda, lembrei-me que, afinal, não é nenhum drama, que não se morre se se cair, e veio a segunda, a terceira, fui aprendendo a cair, fui caindo, uma vezes melhor, outras pior, uma muito mal, resisti à queda, o braço não dobrou, por isso, estou com dor de cotovelo, ironias da vida, uma nádega prestes a ficar roxa, também dói, e garantem-me que amanhã vou descobrir músculos que não sabia que existiam, a isto tudo, junta-se o facto de todas as partes do meu corpo estarem completamente geladas, dito isto, não estando aos pulos de entusiasmo, gostei de, mais uma vez, perceber que, com persistência, determinação e trabalho, vou conseguir... patinar

HELP

E agora?

- Audi A3 1.8T
- BMW Série 3 E90 316i
- BMW Série 1 E87 118i
- Mercedes-Benz Class A A200
- Mercedes-Benz Class B B200
- VW Passat 1.6
- Volvo V50 1.8

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Gosto X

Gosto de mudar, mas detesto fazer a mudança, o tempo que vai entre a decisão de mudar até à concretização da mudança, pois, nem de propósito, de uma assentada, acabo de mudar de poiso no trabalho, tenho que apressar a mudança de casa e ainda tenho que decidir mudar de carro...

iPod

O meu iPod, um Vídeo 60GB, negro, lindo, lindo, adoro-o, já não consigo andar sem ele, temo perdê-lo, insisto em levá-lo para todo o lado, mesmo quando sei que será pouco provável que o venha a ligar, há uns meses, numa mega-discoteca em Budapeste, quando deixámos as malas nuns bancos para podermos dançar, não tirava os olhos da minha, o meu problema não era que me levassem os cartões de débito e crédito, ou o passaporte, a minha aflição era ficar sem o meu iPod, é este o meu estado de insanidade mental, e a propósito de mostra-me o teu iPod, dir-te-ei quem és, segue parte da minha playlist, que não está lá para encher os meus 60 GB, mas para OUVIR:
- Ana Carolina
- Ben Harper
- Beth Gibbons
- Caetano Veloso
- Cazuza
- Charlotte Gainsbourg
- Chico Buarque
- Clã
- David Sylvian
- The Divine Comedy
- Editors
- Feist
- Gogol Bordello
- INXS
- John Cale
- Joy Division
- Katie Melua
- Kings of Convenience
- Leonard Cohen
- Lula Pena
- Maria Bethânia
- Morcheeba
- Nick Cave & the Bad Seeds
- Nine Horses
- Nouvelle Vague
- Peter Hammill
- Portishead
- Regina Spektor
- Seal
- Serge Gainsbourg
- Stuart Staples
- Tindersticks
- Tom Waits
- Tori Amos
- Vanessa da Mata
- Zélia Duncan

Ai, que me custou deixar tantos de fora... e o que sou?!

Radical

Já comprei os patins, são lindos, consegui pôr-me de pé, com ajuda, é verdade, depois sem mãos, amanhã preparo-me para muitos espalhanços :-)
Às vezes, fazia-me falta ver o mundo de uma criança, onde só há o preto e o branco, absolutos, onde não existem tonalidades... há sempre a alternativa do par de estalos

Tretas

Escrevemos partes da vida, assim como nos livros de exercícios para crianças, onde as frases são cortadas por espaços em branco feitos para preencher de acordo com as imagens, alguém arranca o texto, abre espaço e espera até que quem vive o preencha, é bom que quem vive encha o branco com umas letras, mesmo sem a convicção de acertar na imagem, porque quem arranca nunca espera muito tempo, também é bom que quem vive acerte, não convém ter sempre 100%, um erro pequenino e premeditado pode ser conveniente, quem arranca não se irrita e poupa quem vive de imagens mais difíceis, de múltiplo sentido, um trabalho, de página em página, entre quem arranca e quem vive

Mimo

grows on you

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Amar II

Não é só com 23 anos que se sente um Amor-se-me-faltares-morro, aos 37, também se pode morrer-se-me-faltares, enfio-me na máquina do tempo, baralho o cérebro , como faz a minha filha sempre que quer sonhar com fadas, e retrocedo 14 anos, esforço-me para sentir as diferenças e acho, vou tendo poucas certezas nestas coisas do amor, acho que 14 anos não nos tornam imortais, dão-nos, acho, o reconhecimento de que se volta a nascer... faz diferença

Serei um ET?

Porque é que o que devia aproximar, afasta?

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Amar

Control deixou-me a pensar em tanta coisa, à medida que se esgotavam Atmosphere e depois Shadowplay, pensava em tanta coisa, mas ao de cima, vinha sempre o desprezo que senti pela mulher do Ian Curtis, por muitas voltas que desse, por mais que me esforçasse, não consegui sentir pena dela, nem um bocadinho, hoje, um amigo definiu-a na perfeição, uma espécie de organismo unicelular, não encontro melhor, chocou-me a sua falta de expessura e, sobretudo, a sua forma de amar, sei que exagero, mas apetece-me pensar que Ian Curtis ainda poderia estar vivo se não fosse o amor da sua mulher, uma mulher que, mesmo depois de ouvir qualquer coisa como acho que já não te amo, depois de perceber que ele nunca conseguiria deixar a Anikka, não se foi embora, não o deixou em paz, antes pelo contrário, lhe telefonava a toda a hora para dizer, mesmo sem dizer, que o amava acima de tudo, que o seu amor, por ser tão grande, não merecia tamanha desfeita, que estranha forma de amar, que violento amor é este, que ordena reciprocidade, que cruel amor é este que se conforma com a infelicidade de quem se ama, que se contenta com a gratidão e se alimenta do passado, do passado de alguém com 23 anos, é duro ser traído, é duro ser trocado, é duro não ser amado por quem se ama, mas será possível continua a viver assim, será que não se consegue ver, que não se quer saber, estranha forma de amar a que vi, será ingénuo pensar que amar é querer a felicidade de quem se ama, mesmo que à custa da sua própria felicidade, é que se assim não for, preparo-me, alerta vermelho no meu coração, para me tornar ainda mais insuportável, assim nunca mais ninguém ousará amar-me

Natal VI

Um sabonete em forma de barra de chocolate branco, foi esta a única prenda de Natal que recebi, é verdade, não fiquei deprimida, mas o que é certo é que estou a registar o facto, sei porque perdi, desde o último Natal, algumas prendas, algumas percebo, outras não, mas faz parte da vida... Por isso, um belo pretexto, entrei na Fnac e arrebatei de uma enfiada: Mule Variations, Blood Money, Franks Wild Years, Alice e Used Songs, todos do inigualável Tom Waits, e ainda Real Time dos Van Der Graff Generator, este último a pensar em alguém que, este ano, me subtraiu da sua lista, mas que, ainda assim, continua a merecer mais uma prenda minha.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

sms

Todos andamos atrás do mesmo, ser malabaristas num imenso deserto de almofadas brancas
Regresso ao negro, depois de uma curta e necessária passagem pelo amarelo, porque afinal a minha tela é negra...

Está decidido

Já sei de algumas coisas que não vou conseguir deixar de fazer no dia 1 ou 2 de Janeiro e muito provavelmente nos que se seguirão de 2008:
- Deixar de amar para sempre a minha filha;
- Deixar de fumar;
- Deixar de ouvir música;
- Deixar de dizer não;
- Deixar que se intrometam na minha vida;
- Deixar de sonhar;
- Deixar de me vestir a preto e branco;
- Deixar de fazer o que me apetecer;
- Deixar de ouvir o meu coração;
- Deixar de escrever;
- Deixar de ler;
- Deixar de trabalhar com prazer;
- Deixar de ser teimosa;
- Deixar de gostar de Magritte;
- Deixar de comer bolinhos de canela;
- Deixar de me estar a lixar para as miudezas;
- Deixar de me fazer de surda quando me apetecer;
- Deixar de pintar as unhas para descontrair;
- Deixar de beber um copo enorme de água mal acordo;
- Deixar de me cansar com o pessimismo de alguns;
- Deixar de moer o juízo a quem merecer;
- Deixar de me esquecer sempre de alguma coisa;
- Deixar de correr atrás do que acredito;
- Deixar de ter uma natureza pouco branda;
- Deixar de desconcertar;
- Deixar de ser insaciável;
- Deixar de me perder para me encontrar logo a seguir;
- Deixar de me perfumar com Délices;
- Deixar de me irritar com preconceitos e convenções;
- Deixar de ser agressiva;
- Deixar de ser apaixonada;

Amor é...

O amor pode ser tão feio, velhaco, no outro dia vi um amado desesperado, demasiado grato, tão grato, os seus olhos faziam-me lembrar os de um cão, incapaz de morder a mão do dono, apesar da rédea curta, não tive pena nenhuma dele, o amor pode ser feio e velhaco, mas não prende ninguém, o amor não é nenhuma trela à volta de um pescoço, até alguns cães sabem disso

Natal V

Os teus olhos meio tristes, a vontade de ficar sozinha, só por um bocadinho, e eu a ver-te, atrás de ti, desejosa de te fazer esqueçer, de te convencer à pressão que está tudo na mesma, que é a vida, hei-de conseguir, um dia, vou conseguir, seria bom demais se conseguisse logo no primeiro Natal, lá ia dar contigo no quarto do lado, a olhar para a parede de fotografias, a tua avó insiste em fazer da casa uma exposição de ti, de ti com a mãe, de ti com o pai, de ti com o gato, de ti com o piriquito, enfim, os teus olhos, eu vi, paravam no que te faltava, mas não deste parte de fraca, nunca dás, lá confessaste, à terceira, que estavas meio-triste, mas não me contaste porquê, quase nunca contas, não insisti, sei bem, mas lá voltaste, és tão crescida, de que te valia continuar a chover no molhado, o melhor era seguir para bingo, e despachar depressa uma noite forçada, venham os presentes, que já estou cansada destas coisas a que chamam Natal, mas qual Natal, o Pai Natal é uma treta e o Menino Jesus, nem o conheço, não gosto nada de bacalhau, as filhoses não são más, é verdade, mas se não fossem os presentes, de pouco me serviriam tantas horas no mesmo sítio, ai, sabe-me mesmo bem chegar a casa!, e agora, agora vou mudar de vida, outro Natal, outra avó, outra casa, desta vez sem ti, enfim, eu vou habituar-me, não pode ser já, só mais um bocadinho, se me vires meio-triste, vai passar, não sei quando, mas vai, venham os presentes, não é isto tudo o Natal

domingo, 23 de dezembro de 2007

Natal IV

Um presente de Natal imenso que não ocupa espaço, que pode ficar ao abandono, a ver o tempo passar, mas não envelhece, pode ficar assim, tal como está, ou crescer ainda mais, um presente que o futuro pode mudar, um bom presente de Natal

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Burros


Fiz as pazes com os burros, já lhes faço festas sem me incomodar, até já me enternurece outra vez aquele seu típico ar de acomodados convictos a uma vida que não conseguem mudar, gosto sempre de fazer as pazes, até com os fofos dos burros

PDI

Umas dores nos braços, musculares, daquelas que se tem depois do primeiro dia de ginásio a trabalhar o músculo do adeus, mas que raio!, pago todos os meses a mensalidade mas nunca lá ponho os pés, como?, de onde saíram tamanhas dores?, hoje fez-se luz, comprei a Nintendo Wii e há dois dias que jogo ténis com a minha filha... ai, ai, a pdi é mesmo lixada...

Parva?

No outro dia, cruzei-me ali no Largo do Carmo com o José Fidalgo, enquanto ele filmava com a Monica Bellucci, e aconteceu-me uma coisa parecida, ele insistiu, insistiu, mas eu disse-lhe que não podia ser, que tinha muita pena, mas que tinha que ficar para outro dia, não consigo entender tanta pressa, o Largo do Carmo não acaba hoje

Curriculum

Desconfio de quem não apanha uma bela duma bebedeira de vez em quando, acho, aliás, que este dado pessoal deveria fazer parte do curriculum vitae e ser muito considerado pelas equipas de recrutamento das empresas, diz mais sobre o candidato ao emprego do que a sua naturalidade e está muito acima, em termos de importância, dos conhecimentos de informática na óptica do utilizador, enfim, defendo mesmo que a última entrevista, determinante, passe a ser feita fora da hora do expediente e entre bares, reduziria erros de casting
Orgulho em vez de vaidade

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Missão VII

Apanhar todo o mundo que me tem escapado.

De mãos dadas

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Desassossego X

Nenhum problema tem solução. Nenhum de nós desata o nó górdio; todos nós ou desistimos ou o cortamos. Resolvemos bruscamente, com o sentimento, os problemas da inteligência, e fazemo-lo ou por cansaço de pensar, ou por timidez de tirar conclusões, ou pela necessidade absurda de encontrar um apoio, ou pelo impulso gregário de regressar aos outros e à vida.

Livro do Desassossego, Fernando Pessoa

Olhos IV

Finja, finja até que atinja, dizia a professora de yoga do riso, que princípio mais estúpido, dito assim de chofre, logo para começar, ainda pensei em me pisgar, mas já não dava, certo é que ela, a professora, soltava umas gargalhadas tão bonitas, podiam ser espontâneas, mas não eram, mas que conveniente deve ser conseguir enganar, entreter à conta de umas belas gargalhadas, sonoras e elegantes, eram tão bonitas, falsas mas bonitas, ainda pensei que poderia tentar melhorar os meus sorrisos cínicos, tentar transformá-los em gargalhadas perfeitas, mas não foi preciso muito tempo para me dar conta da perda de tempo, é nos olhos que devo apostar, mesmo a rir empurrados por gargalhadas bem treinadas, são poucos os que conseguem fingir, hoje vi alguns olhos mal embrulhados

Inhos

O medo, os medos, ões ou inhos, de nós, dos outros, de animais, de coisas, da morte, de viver, do escuro, das alturas, do mar, de voar, de adormecer, tantos, mas tanto medos que existem por aí, prontos para nos escolherem, também tenho os meus, alguns inhos, não lhes dou muita importância, sempre achei um risco dar importância ao que não importa, que não vale a pena perder tempo e desperdiçar energia a enfrentar coisitas, assim, facilmente, transformo um medinho num aborrecimento, e como fujo a sete pés do que me enfada, nem dou por eles, o tempo passa e nem me lembro dos medos, não me lembro das pessoas que me cansam, acho que sem dar por isso as enxoto, e as baratas que me fazem saltar para cima do que estiver à mão, já nem ligo, é tão fácil, basta saltar, o desconhecido também não não me assusta, é o importante que pode apavorar, é pouco o que me dá medo, não é o medinho que vi por aí

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Nunca esquecer

You're not a yes woman

domingo, 16 de dezembro de 2007

Decisões importantes que se tomam sem grande vontade mas com toda a convicção, por necessidade, acabei de decidir que matei as últimas palavras, fiquei, mesmo a tempo, sem palavras

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Para uma boa resposta

Achas que se não fosse a tua genialidade, te daria tanta importância?
E agora, só por causa das tosses, vou festejar um momento de merecido descanso a ler mais umas páginas do meu livro, embalada pelos Nouvelle Vague, alguma coisa contra
E já agora, alguém conhece algum sítio onde nao se festeje a passagem do ano?

Natal III

Festejar porque quero, quando quero, onde quiser e com quem quiser, será que é tão difícil entender que se assim não for, não há festa, há frete, será tão difícil perceber que ninguém é mais feliz por festejar só porque meio mundo decidiu que assim tem de ser, que as convenções me roubam o desejo, tinha um amigo que suportava um jantar mensal, nada contra, até podia ser semanal, a não ser o facto de o motivo ser sempre o mesmo, comemorar o início de um namoro que, entretanto, até acabou, enfim, ando cansada da histeria de sacos nas mãos, das caras alienadas por cartões de crédito, da confusão e do exagero, não consigo evitar maus pensamentos quando me cruzo com carros de supermercado atafulhados de embrulhos, é verdade que se tornou uma moda cortar no Natal, mas que se pode pedir a quem chora por dentro sempre que chega à hora da Consoada, pode pedir-se que se sinta feliz porque o avô Manel e a avó Margarida já se foram, que se esqueça da falta que sente do pai, que se pode pedir a quem nestas horas sente a falta de quem já não está, só se pode pedir que aguente, que amarre a vontade de dormir e vá entretendo a tristeza à custa do prazer da criança, é por ti filha que não me esqueço que o Natal existe, que compro presentes, à última da hora, é por ti minha filha que na noite de 24 não encontras o mais pequeno sinal de saudade, a mais pequena vontade de acabar com a meia-noite, é por ti meu amor, que vamos festejar, tu mereces

Cleópatra

Não tenho dedal, é verdade avó, ainda hoje empurro a agulha sem aquele anel, o teu não fechava, deixava a ponta do pai-de-todos destapada, fazia-te confusão como é que eu não sentia falta do metal para ajudar, ontem voltei à costura, não por gosto, sabes bem, mas porque não tinha alternativa, a tua bisneta ia fazer de egípcia e eu não tive outro remédio, passei a noite a tentar lembrar-me dos teus gestos, da tua destreza, e, sem me dar conta, cosi e cosi, o disfarce ficou pronto, hoje de manhã, a tua bisneta foi a rainha, sei que concordas comigo, não tenho dedal, avó, mas continuo a ter a vista que te faltava e que te fazia pedir-me, tantas vezes, para te enfiar agulhas

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Teus

Os "meus" anjos
Posted by Blue, no dia 29 de Outubro de 2007

Palavras...

O "meu" Largo do Carmo
Obrigada Princesa
Mudança à minha espera

Missão VI

Não me esquecer, por mais vontade que tenha, de algumas palavras, nunca me esquecer de juntar apenas letras e descobrir só palavras

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Pintei as unhas
Hoje, fazem-me jeito as tuas palavras, se o mundo se mostrar grande demais, logo se verá

Nós

Tenho uma intuição tão grande e eficaz que pasma, assusta-me a rapidez com que me apercebo do que se passa à minha volta, a forma como antecipo comportamentos, a facilidade com que leio pensamentos e estados de alma de algumas pessoas, não necessariamente das que conheço melhor, fui aprendendo a aproveitar este meu poder em benefício próprio, seria uma parvoíce desperdiçar pressentimentos, sobretudo, quando a realidade acaba, tantas vezes, por os copiar, acabei viciada em intuir, em nunca me satisfazer com o que pareceu ser, procuro sempre mais, uma grande canseira que me vai poupando algumas desilusões, já não é fácil iludir-me, já só olho duas vezes para os que ainda conseguem dar nós difíceis de desatar...

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Gosto IX

Como gosto de pessoas hesitantes, titubeantes e inseguras... chiça!, todos nós temos direito às nossas dúvidas, mas também já me parece um abuso chegar ao dia do casamento sem se saber se se gosta mais da noiva, ou da amante... e, como se não bastasse tamanha inabilidade, ser incapaz de esconder que se borra de medo... ai, ai... a minha intuição... vou mas é pintar as unhas...

Natal II

[Numa espécie de sondagem à boca das urnas, que se explica por um sentimento de tristeza que não consigo evitar sempre que se aproximam festas de família partida]
- Gostas do Natal?
- [pausa] Gosto mais de arroz de tamboril...
Esta noite vou pintar as unhas, descontrai-me...

domingo, 9 de dezembro de 2007

Plutão


Plutão para os romanos, Hades para os gregos. Filho de Saturno (Cronos) e Cibele (Réia), irmão de Júpiter (Zeus) e Netuno (Poseidon), participou da guerra entre os deuses que destronaria seu pai que havia enlouquecido. Ao fim da guerra, o mundo foi dividido entre os deuses. Zeus fica com os céus e cria o Olimpo. Netuno fica com os mares e por muito tempo com a superfície. A Plutão restou as profundezas e o mundo dos mortos. Neste mundo subterrâneo reinava o terror. Por conta de sua dureza nenhuma deusa o desposou, obrigando-o a raptar Perséfone (Proserpina), que foi estuprada e amada imensamente, reinando nos infernos como sua rainha. Possuía um capacete que o tornava invisível e detinha um poder a que chamavam de FORÇA. Amado e odiado, tinha uma carruagem negra puxada por cavalos negros que soltavam chamas verdes pelas ventas. Quando vinha à superfície provocava terremotos e trazendo morte e destruição, sempre acompanhado de seu cão de três cabeças, Cérbero. Causava entre os homens atração e repulsa, sendo considerado um deus terrível. Não havia templos nem altar em seu nome, mas era respeitado por trazer a destruição e a possibilidade de renascimento e riqueza.

Na Astrologia Plutão representa as fases de transformação que o ser humano atravessa na vida, bem como sua coragem descomunal e sua determinação e força. Está associado à complexidade e às situações decisivas na vida, onde a pessoa é forçada e encontrar a resolução sozinha

Obra

Adorar as palavras, descobri-las, abrir o dicionário à mínima hesitação, não chegar lá apenas pelo sentido que uma faz entre as outras, assim sim, desconfiar sempre das palavras, tantos sentidos nunca facilitam uma direcção, a solução é dominá-las, domá-las para depois as soltar numa linha recta, entre margens e sem aspas, tentar uma vez, duas, outra e mais outra, nunca desistir, não tem preço conseguir fazer das palavras um aliado, conhecer todos os seus segredos e coleccioná-las, ser dono das palavras, que descanso, perder o medo, ficar a salvo dos exageros e despropósitos que denunciam, poder reler sem querer apagar, deixar de tremer ao pegar no lápis, não é com o abuso, com o mau uso das palavras que o papel branco encarquilha, o ideal é não ter que rasgar, arrancar ou saltar, mas antes continuar seguro do fim, voltar a contra-capa e sossegar com a história das palavras

sábado, 8 de dezembro de 2007

Um ar doce e sensual, que esconde tanta determinação e uma inteligência difícil de sustentar

Estrelas

Plutão atravessou-se à minha frente e fez-me tropeçar, mais do que uma vez, mas tu disseste-me que aquele planeta tão minúsculo e molesto já se está a afastar, que já falta pouco para poder continuar a subir degraus, as alturas nunca me assustaram, bem me disseste, mas agora sem cair, mostraste-me o que se passou e o que se vai passar, que aquela pedrinha insolente não vai voltar a aparecer, acreditei, desde o primeiro minuto, não sei como, mas conseguiste entrar e ver, através dos meus olhos, foste capaz de me dizer quem sou e o que vivi, como se me conhecesses desde bébé, arrumaste, organizaste, explicaste, afinal tudo tem uma explicação, parecia que tinha voltado a ser criança e, atentamente, ouvia-te para saber como se faz, falámos de tanta coisa, também me pegaste nas mãos, fizeste de astrólogo, psícólogo, professor, pai, amigo e até de homem, também me deste colo, mostraste-me a importância de tudo, do que não preciso e do que me faz falta, quando me acompanhaste ao carro, deixaste-me tão leve, capaz de rasgar o céu a qualquer momento

Árvore


feita a quatro mãos

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Com tempo


Sete anos menos dois dias de tantas brancas, voltei a sentar-me, quem sabe no mesmo cadeirão, cheia daquela noite, de ti, dos teus braços bailarinos, das canções que não cansam, de tanta memória que não vou tendo, e bastaram-me os primeiros acordes do vamos esta noite para me dar conta que o tempo te mudou, nos mudou, que agora mostras os ombros e usas saltos altos, deixaste crescer o cabelo e usas franja, fica-te bem!, que os braços já não querem acompanhar a tua cintura impaciente, de pernas em jeito yoga, como se estivesse em casa, enchi-me do som, das luzes, da tua voz, que não muda, da energia inesgotável, da imaginação em forma de luvas de brilhos, chapéu-de-chuva iluminado, confetis e de aviões de papel adeus amor, tirados de um barco, o verde voou para mim, tu sabias que também eu tenho mais mundo para beber, o tempo muda-nos, ainda bem, estás melhor, brincas com as tuas canções, a tua voz manda e os instrumentos obedecem, o palco parecia pequeno para ti, algures entre o tira teimas e a fábrica de amores, senti-me ao pé de ti, o meu coração queria bater ao ritmo do teu, não sei se não chegaram a ser apenas um, tal como tu, também eu não queria estar noutro lugar, também a mim me faltou o ar, também me apeteceu agachar de tanta emoção, depois de te teres calado para te ouvires, o tempo muda-nos, estás mais generosa, mais segura, desejosa de cintura, notei, mas cada vez mais rendida aos sopros do coração, certa dos problemas de expressão, uma aliança de tempos, e foi assim que me foste levando, era tua a minha vontade, em pleno narciso, segui o teu corpete negro contra a luz de uma chapa gigante, de uma ponta à outra, não te perdi, do meu cadeirão não conseguia, mas se te tivesse perdido, ter-me-ias apanhado com a sensualidade de um capote carmim, pois é, tanto tempo depois, mudámos, mandaste em mim e eu deixei porque levo o paraíso em mim

Sublime



Para sempre... momentos perfeitos... fim da trilogia com R. e C.
Tempo apenas para dizer que há dias que começam bem e acabam ainda melhor, que nos roubam palavras

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Hoje

Irrito-me mais com uma péssima pergunta do que com uma má resposta.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Soluções

Soluções dadas à custa de um simples olhar, sem ser preciso falar, não se trata de generosidade, longe disso, uma mera verificação, se não forem oferecidas, as soluções, os olhos não vão parar de pedir e serão necessárias mais e mais, ou talvez até deixem de conseguir pedir, os olhos, uma vantagem, estas soluções propostas, não é a única que encontro, num momento, em que vou mudando de fato, várias vezes ao dia, são estes presentes, umas lembranças, que me vão entregando, vindas do nada e de quem me suga, sem querer, apenas porque assim tem de ser, ironias de uma vida ávida do simples, do fácil e do natural, partidas pregadas a uma existência orgulhosamente escrita à mão, onde nunca falta tinta para riscar o cansaço e para emendar o desalento, onde não existem borrachas para apagar o que seja, onde as páginas se vão virando, cheias de letras manuscritas, de ditongos e de vogais mentirosas, onde há princípios, meios e fins, sempre por esta ordem, onde é sempre certo que depois do meio, virá sempre o princípio do fim e onde o fim é mesmo fim e há sempre mais um princípio, uma vantagem, mas não é a única, outra, menos clara, mas mais útil, é a resistência ao meio, a teimosia pelo fim, o debate pela página seguinte, a dependência das palavras que tecem o pano dos muitos fatos que me vestem

Para um amigo

Sem se notar, sem parecer, sem se mexer, sem falar, talvez sem saber, sem se esforçar, como só ele sabe

Projecto VII

Encontrar um palácio

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Projecto VI

Ler as estrelas
-Bom circo, filhota!
- Bom circo também para ti, mamã!
- ?!
[gargalhadas]
Deu vontade de rir, mas se ela soubesse o circo que isto é todos os dias, há de tudo, quase todos somos um pouco de palhaços, ricos ou pobres, de trapezistas, malabaristas, mágicos, domadores de feras, feras, claro está, faquires e de um sem número de especialistas na arte circense

Estágio

Intérno

Um AMOR INTÉRNO PARA TU A MAMA, em cima da minha secretária, quando cheguei já tarde, mais uma vez por causa do mesmo, agora que em Portugal já se domina a arte do terrorismo, não consigo evitar uns instintos maléficos logo pela manhã, qualquer coisa levezinha que os fizesse parar [bato na madeira, já me dei conta que não consigo evitar esta superstição], não traria grande mal ao mundo, o sistema financeiro português, a alma do país, até agradeceria e eu poderia ter mais tempo para viver, mas, enfim, como entre o querer e o poder ainda vai uma diferença, voltemos ao bilhete da minha querida filha, que já me leu, no sábado, um livro, sem nunca o ter visto antes, leu as palavras mais difíceis e improváveis, impossíveis de deduzir mesmo com a ajuda das ilustrações, palavras, as dela, que, ontem, me fizeram correr para, num acto irreflectido e egoísta, a tentar despertar, talvez o meu coração sossegasse e a minha consciência aliviasse, sussurrei-lhe ao ouvido vezes sem conta que ela sim era o meu AMOR INTÉRNO, mas o sono era pesado, ainda bem, bom sinal, voltas e mais voltas, acabei por voltar para a secretária, vasculhei numa gaveta e encontrei um postal que eu sabia que existia, tinha sobrado e agora era indispensável, e escrevi, retribui com mais palavras, todas, cada uma, sentidas do fundo do coração, desenhei corações, flores e, a cor-de-rosa, o seu nome no envelope, amanhã ela iria receber, pu-lo em cima do tampo da sanita, sei que de todos deve ser o sítio menos próprio, mas também sei que, de manhã, é na casa-de-banho que ela abre os olhos, porque tem que ser, missão cumprida, pensei eu, pensei mas não senti, e por isso não fiquei quieta, um dia vou aprender, depois de ter tentado encontrar um palácio, já a caminho da cama, fiz um pequeno desvio agarrei-a, como pesa, e levei-a ao colo para a minha cama, ela deu conta e acabámos por nos enroscar, mas não sem antes trocarmos os mimos mais deliciosos... já hoje, pela fresca, gritámos até os pulmões não aguentarem mais SOU FELIZ, POR ISSO ESTOU AQUI... nada como uma bela música do Batatoon para começar o dia...

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Ajoelhar, pedir e esperar... só falta acreditar...

domingo, 2 de dezembro de 2007

2008

Ainda falta tanto para o Ano Novo, não me lembro de alguma vez ter desejado a Passagem de Ano, mas estou cansada de 2007, o meu optimismo ainda me faz conseguir encontrar tanta coisa boa neste ano, o balanço já o fiz, a um mês, a mais tempo do fim, mas não há nada que consiga apagar as idas ao IPO, agora a São José, o telefonema entre grades, tantas palavras tristes, os teus olhos perdidos, as lágrimas, a preocupação da minha filha, anseio, como nunca, por 2008, sei que vai ser um ganda ano, que purguei tudo em 2007, alguém muito sensato decidiu juntar tudo numa só dose, para, a seguir, me deixar continuar a viver como antes de 2007...

Preocupação III

Dizem, repetem, ambos [não sei o que quer dizer esta palavra, mas eles dizem-na tantas vezes, que aqui deve fazer sentido, não me parece que faça, mas vou usá-la], que assim são mais felizes, que vivem melhor em casas separadas, e insistem, querem-me fazer acreditar que juntos, os três, não seríamos felizes, como já fomos, mas eu não acredito, ontem disse à minha mãe, a chorar tanto, que nunca, eu nunca serei feliz assim, ela já sabe, o meu pai também, e mesmo assim insistem, a minha mãe disse-me que nunca mais vamos viver os três juntos na mesma casa e pior, ainda me dizem que, com o tempo, eu vou entender e também eu vou ser mais feliz, que eu nunca poderia ser feliz se eles estivessem infelizes, são uns tontos, só podem ser uns ganda tontos, querem fazer-me acreditar que eu vou ser mais feliz a viver em duas casas e nunca com os dois ao mesmo tempo, eu sei o que é, sei bem o que se passa, dizem-me que não, repetem-no, ambos [aqui também deve ficar bem esta palavra], mas eu não acredito, eles não gostam de mim até ao infinito do céu, só até à altura da mesa, se gostassem de mim até ao infinito do céu, como dizem, já me tinham feito a vontade e o meu pai tinha voltado a viver na nossa casa, nossa não, é tua, eu quero dizer assim, disse ontem à minha mãe, mas não, não vamos voltar a viver os três juntos e depois dizem-me, ambos [gosto desta palavra], que me adoram acima de tudo e ainda querem que eu acredite, só podem estar tontos, eu sim, eu é que os adoro até ao infinito, acima do infinito, tanto, que os queria juntos, agora, eles não, são capazes de me verem, assim, triste, e não fazerem nada, era tão simples, não fazem nada para me levar a tristeza, os meus pais não gostam assim tanto de mim, ganda mentira